1/10/2012

Querido Amigo


Ei querido amigo, acho que estou perdendo a cabeça. Vi uma mulher se cortar na banheira e tive vontade de saber como era sentir aquela dor. Um arrepio me subiu, enojada, não sou tão corajosa. Quem pode dizer que eu poderia apenas levantar e me construir? Eu poderia? Mas eu não, não poderia ter a vida dela. A garota rodeada de amigos que pode rir, que pode amar e ser amada. Feliz ela que sabe o que é isso. Andar pelas ruas com seu belo corpo e seus belos cabelos  fazer o que quer e não ligar pra nada. Fazer sua faculdade e ser a pop em tudo. Eu sempre fui aquela lá do canto, no fim da sala, que esperava todos saírem para não ter que passar na frente de ninguém. Ou me mudava para a primeira fila para poder perguntar ao professor em voz baixa e ninguém me ouvir, caso eu fizesse alguma gafe nas perguntas. Eu sempre tive as respostas certas ao que ele perguntava, mas ficava abafado.  Sempre deixando os outros tomarem minha frente. Não mana, eu não to pronta.
O medo de passar na frente dos carros, casaco amarrado na cintura, cabelo preso. Esconder...esconder.. Minha vida é esconder tudo que sinto, tudo que vejo.. Inventar..sonhar alto o que não é, o que eu gostaria de ser..
Amigo.. Não se preocupe quando eu digo que quero dormir pra sempre, ah eu quero. Sei  que sou fraca, e não consigo achar força o suficiente pra ir ate o final. Apesar de não aguentar mais desistir. Viver é muito difícil. Eu não posso apagar tudo, eu não posso perdoar a todos, não posso esquecer. Eu não posso mais aguentar a falta de paciência, a minha também se esgota.  Quem sabe um dia se eu ainda estiver viva  eu consiga olhar pra frente e construir algo, achar alguma força. Por enquanto fico mudando de humor como troco de roupa. Sentindo as lagrimas caindo, sentindo meus próprios socos enquanto não tenho coragem de fazer coisa pior.. Mesmo me odiando o bastante pra fazer... Eu penso em minha mãe. Ela não suportaria um filho morto.
Todos conhecem alguém diferente, alguém interessante. Eu não conheço, eu não sou. E sou ciente que não me amo o suficiente para alguém me amar. Eu tentei, juro que eu tentei. Talvez não o bastante, mas não consigo sozinha. Odeio estar sempre em duvida. Eu cavei meu próprio buraco e agora  preciso de um resgate, mas estou querendo mais é que me enterrem de vez. Perdoe-me, queridos, mas não consigo mudar as vozes da minha cabeça, não consigo acabar com meus demônios.